Bunker, Magnusum
Há memórias como granadas esquecidas em recantos de nós: debaixo de uma pálpebra durante o sono, no sabor da saliva em momento de fome, no estômago contraído num espasmo sem fim. O corpo transforma-se num abrigo de guerra, fecha-se, nada sabe da lenta mutação da cor das folhas num outono que tarda em chegar, nem da placa metálica do rio, que se confunde com o céu na rasura do horizonte, ignora o desnorte dos passos na repetição sem desvio do mesmo trilho.
Há memórias como granadas esquecidas em recantos de nós: debaixo de uma pálpebra durante o sono, no sabor da saliva em momento de fome, no estômago contraído num espasmo sem fim. O corpo transforma-se num abrigo de guerra, fecha-se, nada sabe da lenta mutação da cor das folhas num outono que tarda em chegar, nem da placa metálica do rio, que se confunde com o céu na rasura do horizonte, ignora o desnorte dos passos na repetição sem desvio do mesmo trilho.
São memórias sem matéria, fantasmas, ecos, mares inodoros, gestos sem mãos: como construir uma narrativa que as exorcize?
Dentro do bunker, uma palavra sonâmbula cai sobre os campos minados, a explosão faz do esquecimento um fogo-de-artifício.
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