terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cris(e)

Oiço as notícias na Antena 1, às duas horas da manhã. Nem sei se começo mal o dia ou se a minha noite de sono corre o risco de se perder. Crise, crise, crise. Não é consolo ser mundial, vai-se assim a esperança de fugir. Até agora, em português, a crise é um nome relativamente silencioso. Em francês, a palavra está grávida de revolta: des cris, des cris, des cris...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Domingos


Há domingos em que se acorda já com o dia a meio e um sobressalto ao imaginar as horas que se interpõem entre o momento e a noite. Lá fora, alguém se esqueceu de acender a luz da manhã ou de enrolar o toldo de nuvens.  

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Ausência

Estes dias de inverno disparam flashes de luz fria que me cegam por instantes e te acordam em mim. Com os dedos, sacudo o sono dos olhos, espregiço-me por dentro das mangas do casaco, pressinto, entre todos os outros, os passos que se aproximam. Não sais do carro, não acenas do outro lado da rua, não me esperas à porta de um andar vazio. Não sorris, não me beijas, não dizes olá. Dir-se-ia que não estás aqui. Talvez só eu saiba que colado ao meu corpo caminha um outro corpo. Riu-me cada vez que os meus pés tropeçam nos teus pés, e só não caio porque os teus braços me seguram.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Epitáfio

Um envelope acolchoado com uma moldura vazia e uma frase que é um epitáfio chegaram à minha caixa do correio. O natal acalenta o ano moribundo, entre um sonho e uma fatia de bolo-rei é tempo de deglutir o luto do que podia ter sido. Paz à minha alma!