Os amigos não lêem este blogue, coisa de nada, perdida nem eu sei onde.
Os amigos reúnem-se, enchem as salas de vozes, risos, discutem muito, ainda, alguns deles. Outros cansaram-se de falar e de ouvir, julgam saber sempre o que vai ser dito quando, na verdade, ensurdeceram ao som dos sonhos. Os amigos têm rugas novas no rosto, engordaram, tiveram filhos, descobrem os netos, reinventam emoções. Os amigos não são sedentários, viajaram por todos os continentes, esqueceram o número de países visitados, atravessaram o tempo, não salvaram o mundo.
Os amigos conhecem-se há muitos anos e, mesmo se hoje fingem não se ver, a memória está carregada de fotografias que alguém tirou, a propósito de qualquer coisa que se viveu em comum. Os amigos, às vezes, ainda riem até às lágrimas, e já houve lágrimas que não eram de rir.
Os amigos, conjugo-os no presente, todos os dias, porque sem eles, em cada manhã, morreria o dia.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Se fosse para ser cruel, diria que cada um tem os amigos que merece.
Mas, como quero ser ainda mais cruel, digo que cada um tem os amigos que a vida lhe deixa ter.
Entretanto, ainda acharás tempo para explicar essa de que "os amigos não lêem este blogue". Trata-se de uma definição para uso dos leitores deste blogue?
Não vejo crueldade em nenhuma das tuas observações. Se tenho os amigos que mereço, considero-me, então, "bem servida"; se tenho os amigos que a vida me permite, "gracias a la vida, que me ha dado tanto". Tenho amigos que viveram e vivem, que andaram, correram, tropeçaram, caíram, levantaram-se, continuam a andar, a correr (uns mais que outros), a tropeçar, a cair, a levantar-se. Tenho amigos que são gente de carne, osso, sangue e emoções. Gosto destes amigos tal como elas são: fortes e frágeis, presentes e distantes, humanos. Se o "retrato" pareceu disfórico, o defeito é só meu. Cada vez sou menos sensível ao lado triunfal(ista) das coisas e das pessoas, por isso gosto tanto da luz e da sombra que emanam os meus amigos!
Quanto a lerem ou não este blogue, tu és, queridíssimo amigo, a excepção que confirma a regra. Mas não se tratava de um lamento...
Este amigo lê-te, com cuidado e desvelo, mesmo que às vezes não te compreenda.
Ex: os amigos não lêem o blogue. Será a psicologia dos contrários, a poesia dos paradoxos? Ou sou eu que não te atinjo?
Nuno C
Onde estaria a graça, se eu só dissesse (escrevesse) coisas (a)certa(da)s e previsíveis? Ainda me reconhecerias? Vá lá, em sintonia com a quadra, para criar harmonia, dou uma volta ao texto:
Os amigos, todos os dias, lêem e relêem este blogue. Etc., etc., o resto mantém-se...por hoje!
Enviar um comentário